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terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Hoje fui á Policlínica Municipal

Hoje levei meus dois filhos á consulta com o pediatra, na Policlínica Municipal.



Quando marquei a consulta na semana passada, me passaram o horário que deveria chegar para ser atendida. 08:30 da manhã. Já conhecedora do péssimo atendimento da saúde, fui preparada para me aborrecer. Com duas crianças para serem atendidas, em um espaço limitado e sem atrativos para distrai-las. Peguei a senha e sentei.

Cheguei as 08:30, como a atendente havia pedido. E já era o número 10 e 11. Como pode? Se quando cheguei não havia mais do que 5 mães aguardando? Isso é muito óbvio, o que acontece é que sempre tem os amigos dos amigos que pegam ficha no dia anterior, que são amigos dos amigos, que se dão bem. Eu como não sou amiga dos amigos, até sou de alguns, mas não me valho dessas amizades para servir meus interesses, esperei a minha vez.

Às 09:30 horas, ainda não havia começado a pesagem, que é o primeiro procedimento antes da consulta. Lembrei que na semana passada, ao fazer meu cartão do SUS e o prontuário da Policlínica, me avisaram que meu filho mais novo não tinha prontuário. Precisei ir na administração, e fiz, na mesma quinta feira. E que deveria pega-lo no dia da consulta, fui buscar o prontuário. Advinha??? Quem adivinhar ganha um doce......

Claro, não estava pronto. Fiquei 30 minutos, com meu filho no colo, já cansado, uma atendente , até simpática,  fazer o prontuário. Pergunta? Se é tão rápido e fácil, porque não fazer na hora?
Nesse meio tempo, chegou a vez da pesagem deles. Era 10:00 horas da manhã. E a médica não havia começado a chamar para a consulta. Realizem: Duas crianças, um de 3 e outro de 1 ano desde ás 08:30 da manhã, naquele cubículo, sem nada atrativo, cansados, com sede, com calor, com fome e com sono? Essa era a realidade minha e das outras mães.

Ás 11:00 horas meus filhos foram chamados para a consulta, que para uma unidade de saúde pública, nesse desgoverno, foram muito bem atendidos. A profissional foi muito prestativa e atendeu minhas dúvidas e saí tranquila. Fui à farmácia, da policlina, pegar os remédios que a pediatra havia passado. Não havia NENHUM disponível, nem o sulfato ferroso, que é uma complementação importantíssima para a absorção ideal de ferro, nos bebês. Nem remédio de vermes, que é praxe nessa idade em que eles estão.

O atendimento é muito razoável e precário para uma cidade com um orçamento de saúde, como temos, para o ano que vem 45 milhões. É uma piada, devíamos ser modelo para os outros municípios. Mas não é bem assim, o povo fica sendo enganado o tempo todo. Se acostumou a ver tudo de pior no SUS, e acha que só porque não se vira a madrugada na frente da Policlínica para conseguir vaga, reclamamos de barriga cheia. Esse foi o comentário de uma senhora, sentada aguardando sua vez de ser atendida.

O povo está meio anestesiado, se conforma demais com migalha. Eles dão migalha e a gente ri e dança. Não pode ser assim. Esse sistema de senhas é um sistema ultrapassado, são muitas horas , sem necessidade, simplesmente porque ninguém tem a competência para organizar uma agenda de forma que cada um chegue no seu horário definido. Será que a incompetência é tão grande assim?

Começo a concordar com minha amiga Gilda Miranda (procurem ela assim no facebook), essas coisas estão assim, não por incompetência ou falta de vontade política. É de propósito, para que a sociedade continue assim. Para manter todos no cabresto, na base do toma lá da cá.

Eu saí de lá aborrecida, viemos nós quatro, meus dois filhos e meu marido, andando até em casa, é uma caminhadinha de uns 10 minutos, meio desanimados. Vim pensando nessas palavras que estou escrevendo agora. Pensando em como essa cidade poderia ser muito melhor e mais justa e honesta para todos.

Quiçá um dia esse tempo chegue. E chegará e poderemos desfrutar de uma saúde mais justa, em um país de todos.


3 comentários:

  1. Está tudo resumido numa frase: "não por incompetência ou falta de vontade política. É de propósito, para que a sociedade continue assim. Para manter todos no cabresto, na base do toma lá da cá".
    depois de ler isto, comentar seria chover no molhado.

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  2. Mães nossas de tantos filhos. Não percam a esperança... vamos repetir uma, dez, cem vezes o contrário. Eles vão mudar, eles vão melhorar tudo, eles vão ter vergonha na cara, eles de alguma forma milagrosa vão mudar.
    Quase tudo na vida precisa de uma estrada. Sugiro essa das palavras e vamos ver no que dá.
    Outra forma prática e eficaz, é: quebrar tudo e botar essa cambada para correr. Como diz nossa bloggueira Márcia, a esquentadinha....Foraaaaa!...kkkk...
    Assim, riam mães, logo, logo vai acontecer esse milagre.
    Acreditem em mim.
    Afinal não custa nada, ponham uma fezinha nas minhas palavras e expandam como uma onda. Então...aí a gente vê o resultado.
    Bjs e muita esperança.

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  3. É isso aí Camila. Depoimento verdadeiro de uma mãe-cidadã que sabe de seus direitos. Botar a boca no trmbone é melhor solução. Que todas e todos te ouçam.

    Além de tudo o texto está muito bem escrito. parabéns.

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